Angola - Uso da máscara é uma barreira para pessoas surdas em Angola

A pandemia da Covid-19 mudou, radicalmente, a rotina de vários grupos sociais em todo o mundo, em particular dos portadores de deficiência auditiva (surdos) 

A imposição de regras rígidas, como o uso da máscara facial, tornou-se numa verdadeira barreira para milhares de cidadãos que padecem deste problema clínico no país.

 Os números oficiais apontam para 35.664 pessoas com deficiência auditiva em Angola, embora as associações da comunidade surda refiram haver muito mais, sem especificar.

 Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam haver mais homens surdos (18.192) que mulheres (17.473).

Segundo a Associação Nacional dos Surdos de Angola (ANSA), que controla 1.800 filiados, este período de pandemia tem sido muito difícil, por causa das medidas rígidas de biossegurança.

 O uso da máscara, refere, dificulta a leitura labial, deixando os surdos sem grandes alternativas para entenderem o que é dito por pessoas que não dominam, nem usam a linguagem gestual.

 Estas dificuldades são notórias no dia a dia, sobretudo nos serviços públicos.

 Dado o contexto de pandemia, os surdos encontram, na hora do atendimento nos serviços públicos, dificuldades na recepção, informação de dados e esclarecimento de dúvidas.


Queixam-se, ainda, da falta de acompanhamento, pelo que sugerem às autoridades do Governo a criação de programas que facilitem a sua adaptação às necessidades do novo contexto.

 Na esperança de maior inclusão e integração, exigem o cumprimento das normas e leis, apesar de reconhecerem que a Lei das Acessibilidades, aprovada em 2016, pela Assembleia Nacional, estar longe de ser observada de forma efectiva.


  Trata-se de uma Lei que obriga, entre outros aspectos, os canais televisivos a terem intérpretes de língua gestual nos noticiários, a fim de permitir o acesso à informação ao surdo.

 A exclusão social no acesso aos bens e serviços, como a Educação e a Saúde, arrasta, em muitos casos, os surdos para o mundo do crime, à transformação em pedintes nas principais cidades e prostituição, com a ânsia de sair da miséria.

 Segundo a cidadã Marta Assunção, mãe de um filho surdo, no início sentiu dificuldades para conviver com a situação, pois pouco ou nada sabia em termos de linguagem gestual.

 Só depois de consultar profissionais na Escola Especial do Rangel, apercebeu-se de que não só tinha um longo caminho a percorrer, mas que podia ser atingido com facilidade. Para tal, teve de dedicar-se, com afinco, ao aprendizado da linguagem gestual, cujos métodos de ensino e aprendizagem considera não diferirem muito dos alunos normais.


“Hoje adaptei-me e compreendo a língua gestual angolana (LGA) e a do meu filho”, revela a contabilista de um banco comercial. Porém, defende a criação, nas escolas, de cursos elementares de LGA, para ajudar as famílias que tenham algum membro com limitações auditivas.

 Na mesma luta está o professor reformado Rui Duarte, pai de uma adolescente surda, que já teve de mudar de residência, por preconceito.


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