Guiné-Bissau: Autoridades reconhecem “excessos” da Polícia

O secretário de Estado da Ordem Pública do Governo de Nuno Nabian, nomeado Primeiro-ministro pelo autoproclamado Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, pediu, ontem, desculpas aos guineenses pelo “excesso de carga policial”.

 Em conferência de im-prensa, Mário Fambé pediu desculpas, em nome do Governo de Nuno Nabian, pelo “excesso de carga policial” sobre várias pessoas, ocorrido durante o fim-de-semana, sob pretexto do cumprimento da ordem de confinamento social, em virtude da pandemia provocada pelo novo coronavírus.

 “O Estado é pessoa de bem, mas pode acontecer que tenha havido uso excessivo de força. Mas, também os cidadãos têm que obedecer às orientações do Governo para ficarem em casa”, observou Mário Fambé. 

O dirigente disse, também, que a Polícia não pode obrigar as pessoas que se encontram nas varandas das suas habitações a entrarem dentro de casa.



Durante o fim-de-semana, principalmente no domingo, a Polícia guineense esteve nas ruas de Bissau e de outras cidades do país a obrigar as pessoas a irem para casa, recorrendo em alguns casos à violência física.

 Os guineenses têm mostrado alguma resistência ao cumprimento das medidas de prevenção adoptadas pelas autoridades no âmbito da pandemia de Covid-19.

 Para conter a propagação do novo coronavírus, que já infectou 33 pessoas, as autoridades guineenses determinaram várias medidas, ao abrigo do estado de emergência, nomeadamente o confinamento social e a limitação de circulação de pessoas e viaturas entre as 07h00 e as 11h00 locais.


O secretário de Estado da Ordem Pública sublinhou que não foi dada qualquer ordem para que a Polícia bata nas pessoas, mas também exortou que as pessoas fiquem em casa, depois da hora indicada no decreto governamental que regulamenta o estado de emergência nacional.

Várias pessoas relataram à Lusa terem sido agredidas pela Polícia, durante o fim-de-semana, que as obrigava até a entrarem para as casas, quando se encontravam nas varandas.

 A Liga Guineense dos Direitos Humanos também criticou a actuação da Polícia, salientando que o estado de emergência não significa “carta-branca” para violência contra os cidadãos.

  Algumas insuficiências 


 As autoridades dizem que o país tem ventiladores para assistir doentes com o novo coronavírus, mas podem ser insuficientes para atender a toda gente, referiu à Lusa um responsável pela estrutura sanitária de controlo e combate à pandemia, Tumane Baldé.

 Nos últimos dias têm surgido informações nas redes sociais de guineenses que criticam a resposta do país à doença, sugerindo, por exemplo, que não existem ventiladores no Hospital Simão Mendes, centro de internamento e de tratamento de doentes com a Covid-19.

 “Há ventiladores, naturalmente, podem não ser suficientes, como é o caso de outros países do mundo”, declarou Tumane Baldé, antigo ministro e um dos elementos do COES (Centro Operacional de Emergência de Saúde), entidade criada pelas autoridades para lidar com a pandemia. Tumane Baldé indicou que neste momento nenhum dos 18 infectados precisa de apoio do ventilador, mas se for preciso o país terá respostas.

 O responsável adiantou ainda que os 18 infectados poderão ser transferidos das suas residências para o centro de internamento no Hospital Simão Mendes e admitiu que alguns “apresentam resistência para serem transferidos”


. Uma equipa de técnicos psico-sociais será enviada às residências daquelas pessoas para as sensibilizar sobre a necessidade de serem levadas para o Hospital Simão Mendes, defendeu Tumane Baldé.

 Desmentiu, também, informações que circulam no país em como quatro cidadãos estrangeiros estariam infectados na localidade de Mansoa, a 60 quilómetros de Bissau, frisando que apenas os exames laboratoriais poderão definir quem está ou não infectado.


A Guiné-Bissau vive mais um período de crise política, depois de o general Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, enquanto decorre no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.



  Fonte da Noticia – Veja Aqui

Comentários