O coordenador do ensino especial do Complexo Escolar Mártires considerou ser necessário o desenvolvimento e uniformização da língua gestual angolana que, apesar ser reconhecida, o seu dicionário possui poucas palavras, na qual cada um faz o gesto da sua maneira, dificultando a comunicação na actividade escolar.


 Guilherme Ikuela, que falava à margem da Conferência sobre Língua Gestual Angolana, disse que torna-se difícil os deficientes surdos continuarem desta forma, pois sabe-se que os dicionários da língua gestual têm 350 gestos que são insuficientes para dar um acompanhamento no que concerne à educação.




O responsável explicou que, por falta de intérpretes, os alunos fazem uma luta titânica para perceber as coisas. 

“Alguns que conseguem chegar às universidades, apenas os ouvintes que perderam audição têm mais possibilidades de progredir do que os surdos de nascença, uma vez que conhecem o som e fazem a leitura labial.” 


Reconheceu que ainda se está numa fase embrionária, uma vez que devia ser activa, já que a língua é dinâmica. Informou que desde o lançamento de um dicionário em 2005, até hoje a língua gestual continua estagnada.

 O coordenador do ensino especial, que também é docente, disse que admira a coragem de intérpretes que muitas vezes se vêem obrigados a inventar certos gestos quando estão na televisão, para desagrado dos deficientes auditivos.


Por outro lado, Guilherme Ikuela mostrou-se preocupado com as famílias que inserem os filhos tardiamente no sistema escolar, muitas vezes por falta de acompanhamento médico.

“Muitas famílias aguardam por longos anos na expectativa de recuperação da audição, ou seja, as pessoas não aceitam a deficiência”.

 O segundo-secretário da Associação Nacional de Surdos de Angola, Lucas Esteves Bengui, garantiu que a organização tem trabalhado com jovens com deficiência auditiva e disse que só em Luanda acompanham cerca de 1.500 pessoas.

 Apesar dos esforços, disse que, infelizmente, encontram grandes dificuldades de inclusão quanto ao acesso ao emprego, onde são discriminados em desrespeito à Lei das Acessibilidades, que os deixa numa situação de desespero, tendo de enfrentar duras lutas para sobreviver.

Lucas Esteves Bengui, professor e intérprete de língua gestual angolana, que acompanha diariamente as pessoas com deficiência auditiva, reconhece que elas passam por inúmeras dificuldades e pela barreira da comunicação.

 “Os surdos não se sentem valorizados e não têm acesso a comunicação, mesmo em organismos do Estado, sentem-se como estrangeiros no seu próprio país.”



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