Angola - Sol abrasador causa cegueira

A condição dos deficientes visuais na província do Huambo foi abordada no fim-de-semana, numa mesaredonda, com o objectivo de analisar as causas, consequências e a prevenção da cegueira, numa iniciativa da Associação Nacional de Cegos e Amblíopes de Angola (ANCAA).

 A médica oftalmologista Dania Fernández abordou os vários tipos de cegueira e realçou as causas que originam as mais frequentes e como as prevenir. 

“A cegueira atinge mundialmente cerca de 90 por cento de pessoas maiores de 60 anos, mas a maioria desses casos podem ser prevenidos nos primeiros anos de vida da pessoa”, disse a oftalmologista.



“Há causas da cegueira que começam na infância, pois 80 por cento das pessoas com deficiência visual sofreram alguma exposição em criança, mas só se manifesta em idade adulta”, acrescentou. 


A forma mais comum de contrair a cegueira, explicou Dania Fernández, “é a exposição directa aos raios solares, que, durante 15 anos, se acumulam ao nível do olho e da retina e, depois, chegam as consequências que são as doenças que podem provocar, caso não seja tratada a tempo, a perda completa da visão”. 
A especialista acrescentou que “a primeira, nas doenças mais comuns, é a catarata, frequente em pessoas de idade intermédia, entre 45 e 50 anos, e em crianças. 

Por isso, temos de proteger os menores dos raios ultravioletas, pois estes chegam à retina com facilidade, de forma diferente de outras doenças da vista”. “Portanto, prosseguiu, a catarata pode ser tratada de imediato”. 


 “Em segundo lugar”, continuou, “está o glaucoma, que é uma doença muito frequente em pessoas de raça negra e é hereditária.

 A terceira causa mais frequente de cegueira é a degeneração da mácula que se encontra na retina e a causa é a exposição exagerada a radiações ultravioletas nos ecrãs de computadores, televisores e telefones”. Referindo-se ao perigo de olhar para os ecrãs dos referidos aparelhos disse:

“Não devemos passar muitas horas a olhar para ecrãs dos aparelhos que citei. As pessoas que ficam muito tempo expostas ao Sol, como por exemplo vendedores ambulantes, camponeses, etc., estão sujeitas a contrair doenças na visão sem cura”.

 Dania Fernández realiza no Hospital Central do Huambo um trabalho preventivo contra a cegueira causada pelo glaucoma.

 “O glaucoma, aqui no Huambo, é uma doença frequente que afecta o nervo óptico e a retina. Quando está enraizado na retina é impossível tratar, pois são milhares de fibras nervosas que não se podem transplantar nem operar.

Por isso, aconselhamos as pessoas a ir, pelo menos, uma vez por ano, ao oftalmologista”, acentuou.

A oftalmologista referiu outras causas que provocam a cegueira. “A tracoma é provocada por um vírus que se encontra na beira de alguns rios em África e em Angola a doença é frequente.

Este vírus entra no organismo humano pelos poros e ataca os olhos e descamba nos nervos da retina, produzindo assim a cegueira. Por isso, devemos ter cuidado ao tomarmos banho em rios”, explicou. O Hospital Central atende, de segunda-feira a sexta, mais de 150 pacientes com as mais variadas queixas a nível da visão, mas há na província do Huambo poucos profissionais que actuam nessa área, pelo que Dania Fernández apela ao Executivo para rever as políticas de formação e inserção de quadros nesta área. Associação clama por apoio A coordenadora da Associação Nacional de Cegos e Amblíopes de Angola, Claudeth Kapapelo, apelou à sociedade a prestar mais atenção a esta instituição, cuja sucursal no Huambo funciona há cinco anos. “Não temos sequer um escritório para realizarmos os trabalhos burocráticos, mas ainda assim não paramos de sensibilizar a população sobre os cuidados que devem ter para prevenir a cegueira. Todavia, temos feito diligências junto de governos provinciais para obtermos ajuda, mas infelizmente só o Governo do Uíge está a apoiar o nosso projecto, aliás é a única província do país que tem um centro de reabilitação para cegos”, disse.

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