Brasil - Material acessível oferece novas oportunidades a alunos com deficiência

O primeiro livro acessível já foi produzido, a partir de demanda de uma aluna da especialização 

 A Coordenadoria de Ações Inclusivas do IFSC, atenta às necessidades de alunos com deficiência, está auxiliando alunos cegos ou com baixa visão a terem acesso ao material didático adaptado. 

 A Reitoria dispõe de uma impressora com um software específico para escanear livros em um formato que possa ser lido por softwares de leitura para cegos. 

 A coordenadora de Ações Inclusivas, Ivani Cristina Voos, explica que vem crescendo o número de alunos com deficiência no IFSC. 

Atualmente, são 159 alunos atendidos pelos Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (Napnes) dos câmpus. 

 Somente de deficientes visuais são duas pessoas com cegueira, 18 com baixa visão e dois surdocegos. Por isso a preocupação em desenvolver ações para este público, em especial o material didático adaptado.

 

 “Se para uma pessoa vidente retirar um livro na biblioteca para pesquisar é algo corriqueiro e de fácil acesso, as pessoas com deficiência visual ainda enfrentam dificuldades. 


  Grande parte das editoras ainda não disponibilizam ou comercializam livros no formato acessível. Desde a chegada desses alunos CAI e a Diretoria de Assuntos

Estudantis tem recebido muitos chamados dos câmpus para assessorar o processo de inclusão”, explica Ivani. Segundo ela, a produção do primeiro livro acessível representa um passo importante na inclusão de alunos com deficiência visual.

  Aluna conta com apoio para continuar estudando 



 O primeiro livro convertido para o formato acessível foi uma solicitação da aluna Vera Rejane Veleda Machado da Roza, do curso de pós-graduação em Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade Proeja, do Polo Palhoça, e do curso de Espanhol, do Câmpus Florianópolis – Continente. Vera perdeu a visão há cerca de dois anos e meio, por conta de efeitos colaterais de uma medicação. Mesmo se adaptando à nova condição, nunca deixou de estudar, e conta com a tecnologia para continuar. Ela ficou quase 20 anos fora da sala de aula, quando resolveu cursar Pedagogia e Turismo. No início do último ano da primeira graduação, começou a perder a visão, o que tornou muito difícil a conclusão dos estudos. Mesmo assim, Vera se formou e conseguiu cursar uma pós-graduação em Gestão Escolar. Atualmente, ela cursa Espanhol no Câmpus Florianópolis – Continente para ter a certificação no idioma, pois morou no Uruguai quando criança e tem familiaridade com a língua. Na pós-graduação, desenvolve uma pesquisa sobre “

O Aluno de Proeja enquanto Sujeito”. Nos dois cursos, tem o apoio dos professores e técnicos administrativos.


 No curso de idiomas, está realizando o trabalho final da disciplina em vídeo e na pós-graduação conta com o auxílio da coordenação do curso e da Coordenadoria de Ações Inclusivas para ter acesso ao material de pesquisa. Para que um texto seja lido pelos softwares ledores como o Jaws (Job Access With Speech) ou o NVDA (Non Visual Desktop Access), utilizados por Vera, ele não deve estar em formato de imagem, como aquela que se forma quando uma página é escaneada.

 Para escanear em formato de texto, é preciso de um software de reconhecimento ótico de caracteres, o OCR, adquirido pela Reitoria do IFSC. “Eu trouxe mais livros para digitalizar, é uma disponibilidade que não é comum.

Para facilitar, pedi para o meu filho ler os capítulos para escanear só o que interessa”, afirma Vera. Ela diz que o apoio da instituição é essencial, a disponibilidade em ajudar e facilitar o acesso aos materiais de pesquisa. “Esse câmpus poderia simplesmente me ignorar, pois faço pós em outro câmpus, mas eles me atenderam, me ajudaram”, completa. Estudar, para Vera, é muito mais que uma realização pessoal, é a superação de diversos desafios.

“Depois que eu perdi a visão, estudei muito mais que em outros anos da minha vida”, conta. “Eu gosto de estudar, é uma necessidade de manter a mente sã e equilibrada”, completa.

 E Vera não vai parar na pós-graduação. Ela sonha em cursar Direito. No Vestibular da UFSC, que reserva três vagas para pessoas com deficiência no curso, ela ficou em quarto lugar. Isso não a fez desistir, e promete tentar novamente no próximo ingresso.

O amor pelos livros contagia outras pessoas. O filho e a filha, ambos ex-alunos do curso técnico integrado em Telecomunicações do Câmpus São José, ingressaram na universidade. A filha também formou-se no técnico em Eventos do IFSC. Vera busca convencer os colegas da Acic a continuarem os estudos.

Segundo ela, muito mais que permitir o acesso com alunos com deficiência, a instituição de ensino deve estar preparada para auxiliar esses estudantes para que concluam seus cursos com sucesso. “Entrar é possível, mas entrar e concluir só é possível quando tem essa boa vontade.

A burocracia e a má vontade fazem com que pessoas como eu fiquem de fora do processo de escolarização”, afirma. “Temos que tornar as pessoas cegas, pessoas visíveis”


 Fonte da Notícia – Veja Aqui

Comentários