Brasil - Delegacia especial atende em menos de um ano 760 pessoas com deficiência

Criada em junho do ano passado na capital paulista, a primeira delegacia do país dedicada exclusivamente ao atendimento da pessoa com deficiência já atendeu 760 casos, informou hoje (29) a secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella. em São Paulo. 


De acordo com Marli Maurício Tavares, a delegada titular responsável pela unidade, a maior parte dos casos diz respeito a denúncias de maus-tratos, negligência, injúria e abandono.

 “Depois vêm abuso sexual e os crimes patrimoniais”, disse. A delegada informou que as pessoas que mais têm procurado a delegacia são as que possuem deficiência auditiva [33% do total dos atendidos], e são recebidas no local por intérpretes de libras.

“Com essa delegacia, o governo paulista demonstra que segurança pública não é repressão e, sim, proteção ao cidadão, à vítima e também inclusão. Lamentavelmente, na maior parte das vezes, a violência em relação aos deficientes é praticada por seus familiares ou pessoas próximas.

É uma violência escondida e de difícil conhecimento por parte do poder público. Com a instalação [da delegacia] conseguimos fazer com que as vítimas passem a procurar mais o poder público”, disse Alexandre de Moraes, secretário de Segurança Pública de São Paulo.

A delegacia possui rampa de acesso, oferece linguagem braile nas portas da delegacia para identificação e profissionais capacitados para o atendimento, e também registra boletins de ocorrência em braile ou em formato sonoro para as pessoas com deficiência visual.

“Além do atendimento policial, temos o atendimento psicossocial, com assistentes sociais e psicólogos. Há, ainda, visitas domiciliares para o acompanhamento de alguns casos que não são necessariamente criminais”, disse Luiz Carlos Lopes, coordenador de programas da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

“Essa delegacia está criando protocolos de atendimento. Isso está sendo redigido e será feito um material [que será distribuído em junho] para que as outras delegacias saibam como atender [pessoas com deficiência]. Queremos capacitar as equipes para atender melhor”, falou Lopes.

Segundo Linamara, a ideia não é criar mais delegacias do tipo no estado, mas preparar as já existentes para melhorar o atendimento à pessoa com deficiência.

“Queremos difundir conhecimentos, capilarizar o atendimento. E queremos que as delegacias tenham as mesmas condições. Aquilo, por exemplo, que a delegacia do Pontal do Paranapanema não puder resolver, ela fará via internet ou videoconferência com os profissionais daqui”, explicou a secretária. Uma das pessoas que procurou a delegacia hoje (29) para registrar uma queixa foi o gerente comercial Marcelo Garin, pai de uma criança de seis anos que tem deficiência auditiva.

“Recebi uma reclamação [do condomínio] por meu filho ser autista. Procurei na internet onde poderia fazer denúncias e me apresentaram esta aqui”, contou.

“Sou morador de um condomínio e um vizinho fez reclamações sobre meu filho, com injúria discriminatória e difamação. Ele já reclamou três vezes e, então, eu resolvi vir [à delegacia]”, ressaltou.

Para ele, um local especializado é muito bom, porque é direcionado especialmente para o atendimento à pessoa com deficiência.

“Se vamos em outras delegacias, eles não te atendem bem, ou até atendem bem, mas não direcionado para o meu caso. Aqui, eles vão dar o encaminhamento correto”, afirmou

Fonte da Notícia: Veja Aqui

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