No Brasil Adolescente e deficiente contam sobre mercado de trabalho em MG

Primeira oportunidade ajuda adolescente a cuidar de filha em Juiz de Fora. Pessoas com deficiências têm colocação, mas enfrentam dificuldades.

Com 17 anos, a estudante Arelly Cristina da Silva conquistou a primeira oportunidade no mercado de trabalho há cinco meses. Ela é auxiliar de serviços administrativos em uma empresa de metalurgia em Juiz de Fora e divide o tempo entre as tarefas do Departamento de Desenvolvimento Humano e Organizacional, os estudos e a filha de um ano e seis meses. Já a atendente Valdirene Alves de Paula, de 42 anos, está há um ano e seis meses na unidade de um grupo de planos de saúde no município. Com deficiência no braço esquerdo, ela dá conselho para pessoas com deficiência que querem conquistar espaço no mercado. Arelly participou de uma iniciativa da própria empresa, o “


 Agente do Amanhã”, que busca capacitar jovens do Bairro Igrejinha para ajudá-los na inserção no mercado. São oferecidos cursos como auxiliar administrativo e rotinas de escritório. A adolescente disse que se interessou porque já pensava em começar a trabalhar para ajudar nas despesas da casa, onde mora com a mãe. “Eu pensei primeiro na minha filha”, destacou. Ela foi convidada a integrar a equipe após demonstrar potencial no curso de rotinas de escritório. “É a minha primeira vez no mercado e estou adorando. Antes não sabia nada sobre a área e agora já penso em fazer outros cursos”, afirmou. A atuação no setor de recursos humanos despertou nela a vontade de estudar sobre a área no ensino superior. “Continuo buscando me aprimorar e os jovens que quiserem entrar no mercado também devem procurar cursos”, explicou Arelly que é aluna do 1º ano da Escola Estadual Almirante Barroso. Valdirene também ingressou no mercado de trabalho ainda jovem, com o auxílio de um programa de qualificação. Com o ensino fundamental completo, ela está em busca de aperfeiçoar os conhecimentos. “Quero finalizar o ensino médio”, enfatizou. Ela já passou pelo comércio e também por um hospital da cidade e hoje se diz satisfeita com a empresa onde trabalha. “Felizmente não encontrei dificuldades que me impedissem de seguir em frente. A organização em que trabalho valoriza o profissional e incentiva o crescimento”, destacou. Sem os dedos da mão esquerda, ela aconselha a quem tem algum tipo de deficiência e precisa de uma colocação no mercado a não desistir.

“Tudo é possível. Tem que correr atrás. Sempre tem uma empresa que acolhe muito bem”, afirmou. ‘Adequação não acompanha capacitação’ De acordo com a chefe do Departamento de Políticas para Pessoas com Deficiência e Direitos Humanos da Prefeitura, Thaís Altomar, a realidade das pessoas com deficiência no mercado não tem sido sempre positiva como a vivenciada por Valdirene. Ela explicou que um estudo desenvolvido pelo departamento juntamente com outros órgãos apontpu que houve uma modificação sobre a inserção do deficiente no mercado. No Brasil, a lei 8.213 regula a contratação formal de pessoas com deficiência. Conhecida como “Lei de Cotas”, ela foi criada em 1991 e prevê que toda empresa com 100 ou mais funcionários é obrigada a destinar de 2% a 5% das vagas de trabalho a pessoas com deficiência, dependendo do total de empregados.
Segundo Thaís, anteriormente a justificativa das organizações para não contratar era a de que as pessoas com deficiência não tinham capacitação suficiente. De outro lado, deficientes diziam que as empresas não apresentavam condições de trabalho, como acessibilidade. “Identificamos uma mudança. As pessoas com deficiência estão cada vez mais no ensino regular. A adequação das universidades com acessibilidade, com intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras), tem atraído e possibilitado o ingresso dessas pessoas e há muitos cursos de qualificação. No entanto, as empresas não têm evoluído e se adequado na mesma velocidade. Não se adaptaram, não apresentaram mudanças nos cargos e salários”, analisou. Thaís informou ainda que a Prefeitura tem um trabalho de inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. “Fazemos palestras tanto para conscientizar as empresas quanto para incentivar a qualificação contínua das pessoas com deficiência que já estão empregadas”, explicou. O departamento ainda conta com um cadastro de currículos e realiza encaminhamentos a empresas, além de ter uma parceria com o serviço JFEmpregos. “As pessoas com deficiências podem concorrer tanto a vagas da Lei de Cotas como a vagas fora desse percentual”, concluiu.
 

Fonte: Veja Aqui

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