Malária: Investigadores portugueses fazem descoberta importante na luta contra a doença

Porto, 14 Nov (Lusa) - Os investigadores portugueses do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa que descobriram uma forma de impedir a propagação da malária no organismo, podendo abrir caminho à cura da doença, recebem quinta-feira o Prémio CESPU 2007.


A investigação conduziu a uma nova abordagem sobre a forma como o parasita da malária se desenvolve na fase em que está alojado no fígado dos seres humanos, evitando a propagação da doença no organismo. Esta descoberta, inédita a nível mundial, assume uma especial importância, atendendo a que a malária é uma doença que provoca anualmente cerca de dois milhões de mortes em todo o mundo. O trabalho, intitulado 'SR-BI plays a dual role in the establishment of malaria liver infection', foi desenvolvido por Maria Manuel Mota, Cristina Dias Rodrigues e Miguel Prudêncio, tendo sido distinguido com o Prémio CESPU (Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário) deste ano. Em causa está a descoberta de um marcador molecular que permite que o parasita infecte as células, tendo este trabalho de investigação desenvolvido uma abordagem que permite interromper o ciclo de vida do parasita quando ainda se encontra no fígado, impedindo a sua propagação ao resto do organismo. "Se esta descoberta puder vir a ser colocada em termos de terapia ou de prevenção permitirá que dois milhões de pessoas deixem de morrer todos os anos devido à malária", salientou Vítor Seabra, membro do júri do prémio e coordenador do Gabinete de Investigação e Desenvolvimento da CESPU. Em declarações à Lusa, Vítor Seabra frisou que os investigadores portugueses "descobriram a influência de uma proteína que bloqueia o processo (de propagação da doença)". "Quando um ser humano é infectado, o parasita começa por se instalar no fígado e, só depois, invade outros tecidos. A importância desta descoberta é que permite interromper a propagação ainda na fase em que está no fígado", salientou. Nesta fase, frisou Vítor Seabra, a descoberta dos investigadores portugueses "ainda não tem aplicabilidade clínica, mas pode abrir caminho". "Se o parasita não conseguir infectar as células hospedeiras hepáticas, consegue-se interromper o processo de infecção na fase inicial, impedindo o alastramento", reafirmou. O Prémio CESPU 2007, no valor de 30 mil euros, vai ainda distinguir com uma menção honrosa o investigador Mário de Sousa, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto, pelo trabalho desenvolvido na área da microinjecção intracitoplasmática de espermatozóides. Elsa Logarinho e Hassan Bousbaa, da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, foram também distinguidos com uma menção honrosa pela investigação sobre o papel da proteína Bub3 no controlo da transferência de material genético durante a replicação celular. Todas as investigações distinguidas com este prémio vão ser publicadas em revistas científicas

. Fonte: JN

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