Opinião: O DESPORTO ADAPTADO EM CABO VERDE

Após 37 anos de independência o Desporto Caboverdiano evoluiu de uma forma aquém do desejado por falta de estruturação, planificação, gestão e da definição da lei desportiva nacional. Em 14 anos da criação do Comité Paralímpico, conseguimos nas três participações Paralímpicas, Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012, representar o País com apenas 5 atletas no total.

Segundo os últimos censos, Cabo Verde tem 432.000 habitantes, sendo 15.712 pessoas com deficiência, ou seja 3,2% da população actual. Como podemos verificar temos matéria-prima humana para a prática desportiva nas variadas vertentes do Desporto Adaptado. Para que não percamos mais tempo, urge a necessidade de organizar e estruturar os órgãos de gestão das modalidades adaptadas rumo ao desenvolvimento da prática desportiva das pessoas portadoras da deficiência.  A estrutura do desporto

Adaptado em Cabo Verde deve ter a seguinte composição:

Comité Paralímpico Caboverdiano ACD- Associação Caboverdiana de Deficientes (Área Motora) ADEVIC – Associação dos Deficientes Visuais de Cabo Verde (Área Visual) A PONTE – Associação de Promoção da Saúde Mental (Área Mental) ACARINHAR – Associação das Famílias e Amigos das Crianças Com Paralisia Cerebral (Área Paralisia Cerebral) AADICD – Associação de Apoio ao Desenvolvimento e à Integração da Criança Deficiente (Área Auditiva)

Estas Associações filiam-se no Comité Paralímpico e são membros de pleno direito, tendo um representante nos órgãos sociais deste organismo. O Comité Paralímpico Caboverdiano deverá considerar no seu Plano de Actividades e Orçamento, o desenvolvimento da actividade desportiva, essencialmente em três vertentes. 1. Assegurar as condições da melhor qualidade de participação nos próximos eventos internacionais de maior prestígio, que constitui o objecto prioritário do organismo, designadamente; Jogos Paralímpicos e Jogos da Lusofonia. 2. Assegurar as melhores condições da prática desportiva para os praticantes de excelência (alto rendimento) envolvidos na preparação sistemática para a participação nos eventos acima referidos. 3. Promoção e desenvolvimento do quadro desportivo nacional, na área do desporto para pessoas com deficiência, envolvendo a participação activa dos seus membros, especifica e principalmente as Associações e Federações Desportivas.

 A composição dos Orgãos Sociais da COPAC deve ser a seguinte:

Presidente, 5 Vice-presidentes (5 áreas da deficiência), Secretário-geral, Tesoureiro, Vogais, Presidente do Conselho Fiscal, Secretário do Conselho Fiscal e Relator do Conselho Fiscal O mandato dos titulares dos órgãos sociais, devem ter a duração correspondente ao período de cada Olimpíada, isto é, de quatro em quatro anos, podendo os seus membros serem reeleitos até um máximo de dois mandatos sucessivos.

 As Associações da defesa das pessoas portadoras de deficiência devem:

1. Promover, regulamentar, e dirigir, a nível nacional, a prática de uma ou mais modalidades desportivas afins ou associadas. 2. Representar perante a Administração Pública os interesses dos seus filiados e que obtenham o estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública desportiva. 3. Representar a sua modalidade desportiva, ou um conjunto de modalidades afins ou associadas, junto das organizações desportivas internacionais, bem como assegurar a participação competitiva das Selecções Nacionais. 4. Cabe as Associações terem delegações regionais para que a prática desportiva se estendam por todo o país. É curioso que, sendo o Desporto um meio privilegiado para a inclusão das pessoas portadoras de deficiência podendo ter na actividade física uma forma de melhorarem a sua funcionalidade e a sua qualidade de vida, nenhuma dessas Associações da deficiência acima descritas, desde a sua criação, se ocuparam com prioridade desse elemento chave. A prática desportiva pode ser um impulso necessário para a melhor integração das pessoas portadoras da deficiência na sociedade onde vivem e de se sentirem melhor com a sua condição de deficiência, sem esquecer que ela mesma pode ser uma forma de testar os nossos limites. Por isso, nunca é tarde para começar e a ACARINHAR lançou a primeira pedra que deve ser seguida pelas outras Associações, com a criação de uma Direcção Desportiva com a finalidade de cumprir os quatro pontos acima referidos.

Carlos Morgado


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