Transplantes registam quebra a nível nacional por falta de dadores


Coimbra retoma transplantes pediátricos amanhã. Curry Cabral ainda não recebeu resposta da tutela sobre proposta para iniciar intervenções
Os centros de transplantação registam este mês uma nova quebra na actividade. Tanto no Curry Cabral em Lisboa como no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra houve apenas um transplante de fígado, quando geralmente por mês fazem oito e dez. Fernando Macário, da Sociedade Portuguesa de Transplantação, disse ao i que a quebra é geral. A falta de colheitas é a razão apontada, embora acredite que não existem alterações em termos de organização que a expliquem.
A redução será semelhante à do passado mês de Outubro, quando houve 33 transplantes no país em vez de 90, a média dos últimos anos. Na altura, foi associada à redução a metade dos incentivos atribuídos às equipas que realizam transplantes, uma das primeiras medidas de Paulo Macedo. No final de 2011, a extinta Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação concluiu não haver relação, embora tenha havido menos colheitas de órgãos, redução mais substancial no gabinete coordenador de do Hospital Santa Maria, que passou de 51 colheitas em 2010 para 27 em 2011. Foram realizados menos 55 transplantes no país, 838 no total. Macário adianta que embora a variação possa ser pontual e justificar-se pela inexistência de dadores, é preocupante para os doentes. Diz ainda que a questão das diferenças entre a actividade dos centros de colheita, nomeadamente entre Centro e Sul, ainda não foi estudada. O i tentou perceber junto do Ministério se esta quebra está a ser acompanhada, sem resposta.
TRANSPLANTES PEDIÁTRICOS Amanhã serão retomados os transplantes pediátricos no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Há oito crianças à espera de fígado e quatro em avaliação. Em Junho, após a saída do único cirurgião que fazia estes transplantes no SNS, Emanuel Furtado, o país deixou de ter resposta. Seis crianças, a última ontem, foram encaminhadas para Madrid. Duas morreram: Tiago, de dois anos, enquanto esperava, e Ashley, um ano, já depois do transplante.
Os transplantes regressam agora a Coimbra, sob a orientação do mesmo cirurgião, que disse publicamente que não iria trabalhar com o coordenador da unidade, Fernando José Oliveira. O i tentou esclarecer junto do CHUC quem irá coordenar, sem resposta. Já Fernando José Oliveira disse apenas que ontem à tarde mantinha as funções, remetendo mais informações para a administração da unidade. Além do serviço de Coimbra, o ministério recebeu propostas do Curry Cabral e do Hospital de Santo António para esta valência mas, até ao momento, não deu luz verde a mais nenhuma. Eduardo Barroso, mentor da proposta do Curry Cabral, que previa articulação com os hospitais Dona Estefânia e Santa Maria, alerta que confiar a actividade a um único centro é uma má política. “Temos o maior centro de cirurgia hepato-biliar-pancreática do país, mas nunca quereria ser o único a fazê-lo. Se querem continuar a fazer do transplante pediátrico uma excepção, os resultados estão à vista.”

Fonte: Jornal i

Nelson F. Almeida Mendes
Nem vou comentar essa notícia, porque acho preocupante.

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