Guiné- Bissau - Médico paga do seu salário o ensino a mais de 700 crianças na Guiné

Médico do Hospital de S. João da Madeira assegura, do seu próprio bolso, há mais de 20 anos o ensino de centenas de crianças em Bindoro, Guiné-Bissau, a sua terra natal.

 Manuel In-Uba é um homem de causas, gosta de passar despercebido, e tem como objetivo ajudar uma terra e pessoas onde ainda “falta tudo”.

 Quem o conhece descreve-o como um grande humanitário. Manuel In-Uba é médico no Hospital de S. João da Madeira há longos anos. São poucos aqueles que não o conhecem do serviço de Urgência. Além desta unidade, presta ainda serviço no Hospital São Sebastião, na Feira, e no Hospital de Aveiro.



Manuel In-Uba é muito mais do que um médico.

 É um homem de causas. De emoções e de um amor incondicional às gentes de Bindoro, na Guiné-Bissau, terra onde nasceu há 60 anos.


 O médico escolheu S. João da Madeira para viver, nos anos 90, e por aqui continua e quer continuar.

 “Gosto muito de viver em S. João da Madeira. É uma cidade muito simpática. Adoro cá estar”, assegura a ‘O Regional’. Apesar de viver em Portugal há vários anos, o pensamento deste médico nunca saiu da sua terra, levando-o a criar uma Fundação sem fins lucrativos com o seu nome. “Estou sempre com o pensamento lá.

 No que posso fazer para ajudar aquelas pessoas”, enfatiza.



Desde 1994, a sua associação permitiu já a construção de seis escolas na aldeia de Bindoro.

 É do seu vencimento como médico que assegura os ordenados aos 10 professores que ensinam, neste momento, mais de 700 crianças, onde aprendem várias disciplinas, entre elas a língua portuguesa.


  Manuel In-Uba é um homem discreto e não se sente muito confortável com a presença de jornalistas, principalmente quando se trata de abordar os assuntos da associação.

 “Não gosto de falar do meu trabalho.


O importante é continuar a fazer mais e cada vez melhor por pessoas a quem tudo falta. Aquela é a minha terra. Fui lá que nasci e quero contribuir para o ensino, principalmente das crianças”.


  “Falta tudo em Bindoro” 


 Apesar de estar cá, o sentido do médico está sempre em Bindoro. “Lá não existe nada. Falta tudo.

 É uma extrema pobreza. Até a simples água potável para beber não existia”, assume.

Mas com toda esta “gestão” foi necessário definir prioridades na sua vida. As férias são sempre curtas e na sua maioria são passadas na Guiné. “Vou em média cinco vezes por ano lá.

 Não sei se lhe podemos chamar férias pois quando lá estou tento aproveitar o tempo para planear coisas. Existe muito para fazer”. E esse trabalho é contante.

 “Em setembro vamos inaugurar um pavilhão para ali introduzir o ensino secundário pois só tínhamos até à 4 classe.

 Também já temos um furo de água potável, uma outra grande necessidade”. Manuel In-Uba orgulha-se do trabalho desenvolvido pela sua associação e tem casos de sucesso. 11 alunos estão em Bissau e estudam medicina e outros tantos já terminaram o curso superior de farmácia.

 ”Sinto um grande orgulho. É uma caminhada que tem que ter continuar”, pois quer ainda construir um “Centro de Formação Profissional” para ensinar e acolher futuros formadores.

 Recorde-se que a revista GQ distinguiu, recentemente, o médico com o prémio “Herói Nacional”, uma distinção que dignifica e reconhece todo o trabalho de Manuel In-Uba. Além do que doa para garantir ensino na terra que o viu nascer, o médico também integra missões na área da saúde.

Em fevereiro do ano passado, foi com um grupo de onze médicos e enfermeiros (dois ortopedistas, três anestesistas, quatro enfermeiros e dois cirurgiões) cumprir uma verdadeira maratona de solidariedade à Guiné.

 Durante 15 dias realizaram cerca de 200 cirurgias, na sua maioria a crianças, no principal hospital do país, Simão

Mendes, em Bissau. Estes técnicos de saúde levaram, num contentor, todo o material cirúrgico necessário.

A juntar a tudo isto, “totalmente gratuito”, deram ainda formação a médicos e enfermeiros locais.

 E vai voltar a fazê-lo ainda este ano.



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