Bissau, madrugada de 27 de dezembro, terça-feira. Tentativa de golpe de Estado, mais uma vez, aos tiros.



Bissau adormece fatigada, menos fria (e falo do tempo). Estou a chegar a casa, depois de umas voltas, hoje muito limitadas pelos acontecimentos que se desenrolaram ontem. Até agora, está tudo calmo, parace até que toda a gente se mudou da capital para o interior. Mas há vultos na noite.

Há vultos como que amontoados, ha murmúrios nesta noite. Quase não circulam carros, e não há, ao contrário de outras noites, fogareiros a crepitar, nem gargalhadas cúmplices e menos ainda namoricos nas esquinas escuras. Mas há vultos nesta madrugada que ainda é uma criança.

Andei por ai, às voltas, e ninguém me importunou. Ninguém se importou sequer com a minha presença. Passei despercebido. Senti o silêncio da cidade, um silêncio que ensurdece. E eu ali às voltas. Devagar até para o meu gosto. Serei invisivel? Não. Apenas não me tomaram como uma ameaça.

Estou já em casa. Apetece-me chorar, gritar a plenos pulmões, gesticular e dizer: chega! basta! Párem de sobressaltar este povo, esta gente humilde. Tenham vergonha deste povo e deste País que amanhã os vossos filhos e netos herdarão. Boa noite a todos. António Aly Silva.

Esta notícia foi retirada do Blogue «Ditadura de Consenso.«

Também não consigo acreditar que alguns vagabundos, que dizem que são militares, que nem se quer sabem como é que se agarram uma esferográfica, que só pensam em roubar, não se podiam esperar mais nada deles.
Estão a fazer tudo isso, porque os espaços para a venda da droga, esta a ficar cada vez mais apertado.
É uma vergonha, já chega de tantas mortes no país.
A um ditado popular guineense que diz assim:
Se bu djunta ku purco, forel ki bu na kume.

Em português segnifica:
Se juntar com porco, come farelos.
É isso que esta a acontecer neste momento na Guiné-Bissau.

Nelson F. Almeida

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